#DesafioDas100 Um quê de desastre
#DesafioDas100 Um quê de desastre
- "Meu coração,
tão pequeno e frágil,
por longo tempo fora valente
ante ao rigor do mundo.
Carregou mais fardos de culpa e tristeza
do que seria imaginável,
ainda sim, parecia bem...
Parecia.Descobri que nem tudo era
como parecia, quando
inesperadamente,
ele apareceu em minha vida.
Era bonito demais, legal demais,
simpático e sensível demais.
Tão perfeito que deu medo... E eu
não poderia estar mais certa em recear.
O primeiro passo fora dado por ele,
uma pergunta simples, mas
que me fez sentir estranhamente
confortável com o início de um
diálogo não-banal.
Daí para a amizade fincar estacas em
meu peito, não demorou muito.
28 de junho havia se tornado nosso dia..
Os dias viraram semanas e essas, meses...
Tudo parecia tão bem, estável,
mas, ainda sim, aquela vozinha
insistente e autossuficiente
permanecia repetindo,
de novo e de novo,
que aquela calmaria não duraria.
E ela estava certa....
Antes do eu esperava, mas
perto do que já imaginava,
tudo acabou, mais rápido do que
arrancar um curativo.
E no fundo, bem no fundo,
uma parte em mim já se preparava
para o pior, quando ele surgiu dizendo
que havia me escondido algo.
Inevitável sentir aquela dor,
mas me foi dado o direito de escolher
o quanto aquela dor me mudaria.
Assumo que mudou muito, mas
o que realmente sempre importou,
permaneceu intacto.
Agora, dizer que não houveram ranhuras,
cicatrizes e lágrimas demais,
seria uma mentira deslavada...
O fato real é que,
depois de tanto tempo,
o finado dia 28 de junho,
que antes era tão esperado e comemorado,
se tornou apenas isso, um dia como outro qualquer.
No dia em que percebi que outro 28 havia passado
e eu simplesmente havia esquecido
o seu antigo significado,
compreendi que um dos muitos ciclos
que o compunham, havia se fechado.
Claro, ainda existem lacunas, brechas,
explicações e situações que
ainda não se encerraram, mas que talvez,
com mais um tempinho,
se encerrem também. Assim espero.
Não, assim eu quero. E será.
O fato é que o tempo passou...
E muita coisa aconteceu,
mudou, melhorou. Mais de uma vez,
me peguei apegada à lembrança dele,
pensando como seriam as coisas se ele
não tivesse feito a escolha de partir,
sem nem ao menos se dignar a
se despedir... E eu pedi tanto.
Sabia que, cedo ou tarde, ainda que ele negasse,
isso aconteceria. E ele prometeu...
Prometeu que se despediria apropriadamente,
mas não o fez...
É...
Desde o começo estranhei.
Era perfeito demais, atencioso demais,
gentil demais, preocupado demais...
Parecia um sonho, mas desde sempre,
tinha aquele ar que inspirava cuidado,
atenção. Era o inegável
quê de desastre, que estava lá
desde o começo. Eu deveria ter
me atido a isso, mas não....
Acabei deixando o coração decidir,
tudo bem, a lição foi
aprendida.
Agora eu sei, que pessoas
terrivelmente amáveis demais,
são sinônimos certos de
atenção em múltiplos de mil."
Y.
21:32h.
11/07/2019.
21:32h.
11/07/2019.
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