#DesafioDas100 Turbulências

#DesafioDas100  Turbulências


  • "O alvorecer mal despontara no céu, mas naquele quarto,
    a movimentação já era grande. Últimas arrumações e
    organizações finais eram feitas, pra que tudo estivesse
    correto.
    Finalmente, o dia de retorno ao mundo real havia
    se feito presente.
    As tão sonhadas férias haviam findado-se, bem como a
    utopia tão almejada. O efetivo era bem diferente do que
    se desejou.
    Cá estamos nós, partindo do pressuposto de que isso realmente
    tenha sido um sonho e que agora, devamos acordar, quando,
    no fato real, o que começou como a fantasia perfeita,
    acabou da pior forma possível.
    Não voltei a ver Yoongi, nem falar com ele.
    Recebi uma ligação da recepção, um alerta despertador,
    cortesia do Sr. Min, a fim de facilitar o lembrete de nosso
    voo às 11 da manhã.
    Obviamente, já estava acordada desde às sete e meia, quando,
    às oito e quinze, o telefone tocou. Teria achado adorável, se não
    soubesse como ele verdadeiramente sentia-se sobre mim.
    Às vezes, me pergunto aonde errei para que nossa história
    degringolasse dessa maneira... Digo... Sempre achei que
    ele gostasse da minha forma de demonstrar amor e atenção, nunca
    se esquivava de meus carinhos, nunca demonstrava-se insatisfeito com
    meu amor.. Mas de certo, tudo isso não passou de uma fachada.
    Aceito isso, garota, você o perdeu e falta apenas a
    cartada final para que as máscaras caiam, por completo.
    No entanto, até que isso aconteça, ainda tenho um voo a pegar.
    Com as malas arrumadas, com tudo pronto, com a bolsa à tiracolo conferida,
    deixo o lindo bangalô, no resort a beira-mar mais bonito que Jeju poderia
    oferecer àqueles que buscavam calma e sossego.
    Dei adeus às paredes, ao carpete, às pequenas plantas pelos corredores,
    ao piso charmoso da recepção, bem como aos atendentes.
    Encontrei-o fazendo o check-out, todo vestido em seu estilo
    conhecido por ser o desleixado-arrumadinho mais encantador
    que já conheci. Não falou comigo quando em aproximou,
    mas sorriu pequeno ao que entreguei minhas chaves.
    Não evitei... Sorri de volta.
    Nesses breves milissegundos, jurei que tudo havia voltado ao
    normal, visto o calor que  se apossara de suas bochechas,
    mas tão logo o contato se quebrou, a atmosfera de antes
    voltara a recair sobre nós.
    Durante todo o caminho até o aeroporto, não trocamos uma
    palavra sequer, mas por incrível que pareça, não estranhei.
    Ele usava seus fones de ouvido enquanto eu apreciava a
    paisagem correndo pela janela.
    No aeroporto...
    Acomodamo-nos perto de nossa plataforma, e quando pretendi
    aproveitar as duas horas e meia que ainda tínhamos, me surpreendi
    com sua fala direcionada a mim.
    'Vou pegar um café... Quer alguma coisa?' seu timbre era baixo,
    mas não era ácido, ou entediado, nem menos pertencente à
    alguém que vivia uma farsa amorosa. Ao contrário. A voz
    reverberava suave, acolhedora e terna, como sempre soou.
    Me perdi por alguns segundos, até que ele sorriu pequeno
    e finalmente, caí em mim, sorrindo de volta e aceitando sua
    aparente oferta de paz.
    'Um cappuccino, por favor.' falei no mesmo tom, antes que ele
    desse dois passos, recuando em seguida apenas para questionar
    'Açúcar e menta?' e ter-me concordando, seguindo para longe
    ao passo que um sorriso imenso me rasgava a face.
    Nesse momento, fiz uma oração silenciosa, pedindo a Deus que,
    se fora meu o erro nesse amor, que ele me concedesse uma segunda chance,
    de tentar salvar meu relacionamento...
    Naquele momento, tive algo muito maior que meras esperanças...
    Naquele momento... Tive fé em nós."



Y.
23:21h.
25/07/2019.


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