#DesafioDas100 Elos

#DesafioDas100  Elos

• "Dois dias se passaram desde a conversa confusa que
  me presenteou com minha atual canção de ninar.
  Yoongi estava ainda mais atencioso e carinhoso do que de costume,
  me abraçando em público e plantando beijos delicados
  por locais aleatórios em meu rosto.
  Eu sorria e ria a cada vez que ele me fazia um afago,
  falando com uma vozinha fofa, tentando me convencer a
  participar de sua batalha boba de aegyo. 
  Eu me sentia tão grata por tê-lo daquela forma,
  como se ele tivesse realmente percebido a confusão que
  se fazia dentro de mim e, como se estivesse disposto a
  colaborar com o dissolvimento de todos os meus medos e incertezas,
  estivesse abrindo mão de suas próprias barreiras, para tentar me entender.
  E eu amava isso nele...
  Yoongi era uma das pessoas mais gentis, doces e carinhosas que eu conhecia;
  podia até parecer frio e arredio a princípio, mas bastava conviver um pouquinho
  com ele para ser capaz de enxergar por trás das muralhas autoimpostas.
  Sua sensibilidade extrema, o tornava quase frágil em alguns aspectos e,
  sendo assim, preferia se poupar e preservar de certos contatos.
  O fato é que, desde que nos conhecemos, ele agiu de forma contrária comigo,
  compartilhando alguns de seus mais preciosos pensamento e sentimentos com
  apenas algumas poucas semanas de convívio e, com menos de quatro meses,
  já falava abertamente de suas incertezas e inseguranças.
  Acho que nossos medos encontraram elos ocultos, que nos uniram de forma irremediável,
  tornando o contato fácil e a convivência, agradável.
  Podíamos passar horas e horas juntos, sem trocar uma única palavra e isso nem de longe
  era um problema. Entendiamo-nos em nossos silêncios caóticos e fazíamos
  música deles. Sempre foi assim, simples, claro.
  Foi a ele que contei sobre meu receio referente à faculdade, bem como foi à mim
  que ele discorreu sobre os problemas com insônia e crises de ansiedade.
  Pode parecer uma troca injusta, mas não era, nunca foi....
  Dividíamos o que nos preocupava ou fazia mal, ao passo que celebrávamos
  as vitórias e conquistas um do outro....
  Vê-lo se empenhando, dedicando partes quase sagradas de si mesmo, com
  o intuito de me fazer sentir que ele se importava, que estava comigo e que
  as coisas estavam bem, me fazia sentir a pessoa mais feliz e completa do mundo.
  Mas ao mesmo tempo que eu atribuía a ele, a sensação de conforto e
  proteção que desfrutava naquele momento, sabia que no fundo,
  não se tratava dele... Era mais como algo nosso, como uma troca mútua,
  recíproca.
  Éramos dois inteiros, compartilhando da magia da existência...
  Passamos momentos bons na praia, jantando em restaurantes
  locais e fazendo passeios turísticos. Aproveitamos o pôr-do-sol e,
  quando fomos realocados para nossos antigos chalés à beira-mar, aproveitávamos
  para nadarmos juntos, quando a noite caía...
  E quando começava a esfriar, entrávamos, nos aquecíamos e
  trocávamos sorrisos cúmplices, como se não fôssemos o que éramos.
  Agíamos como adolescentes, quando na verdade estávamos apenas
  aproveitando os últimos dias das nossas férias...
  Sinto que durante esses dias, nossa conexão se ampliou, me trazendo tanta
  segurança e certeza, que comecei a pensar sobre nosso futuro.
  Me peguei fazendo planos enquanto o esperava para almoçarmos...  O pensamento
  me fez sorrir... Eram os elos que busquei durante toda a vida, as conexões,
  as vontades. Éramos dois indivíduos, completos, inteiros, dispostos a
  compartilharmos pelo prazer de tal, não por uma obrigação.
  Céus! Estou mesmo fazendo planos!
  Uma casa grande com quintal, uma promoção no trabalho, filhos, férias em família.
  Conseguia vislumbrar mil e uma possibilidades para os próximos passos e
  estavam todos ali, apenas esperando para serem concretizados.
  Oh céus....
  Eu realmente o amava, muito. E torcia imensamente para que ele compreendesse isso e, com sorte,
  quisesse embarcar nessa nova aventura comigo."  

Y.
23:11h.
19/07/2019.